ATA DA SEGUNDA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 21-02-2007.
Aos vinte e um dias do mês de fevereiro do ano de
dois mil e sete, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho,
a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e cinqüenta e cinco
minutos, foi realizada a chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Alceu
Brasinha, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Bernardino Vendruscolo, Carlos
Todeschini, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Raul, Gerson Almeida,
Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, José Ismael Heinen, Luiz
Braz, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste, Nilo Santos, Sebastião
Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, a
Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Elói Guimarães, Ervino Besson, João Carlos Nedel,
Márcio Bins Ely, Maristela Maffei, Maristela Meneghetti, Nereu D'Avila, Neuza
Canabarro, Newton Braga Rosa e Professor Garcia. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a
Vereadora Maristela Maffei mostrou-se favorável à aprovação do Projeto de Lei
do Executivo nº 054/06, que altera a estrutura do Conselho Tutelar da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Nesse sentido, defendeu o debate e
reformulação periódica desse Conselho, opinando que o texto apresentado contempla
satisfatoriamente os principais envolvidos no trabalho da instituição e foi
elaborado com a participação de diversos setores da sociedade. O Vereador Nilo
Santos, analisando o aumento verificado no número de moradores de rua
existentes na Cidade, repeliu críticas ao Prefeito José Fogaça e atribuiu esta
situação ao Governo Municipal anterior. Além disso, propugnando pela busca de soluções
efetivas para o problema, realçou o trabalho dos Conselhos Tutelares nesse
setor, manifestando o empenho, por parte da Bancada do PTB, em melhorar a
qualidade de vida da população de Porto Alegre. O Vereador Márcio Bins Ely,
condenando a veiculação de propagandas que estimulam a ingestão de bebidas
alcoólicas por parte de pessoas jovens, discursou a respeito da relação entre o
consumo de álcool e os acidentes de trânsito, aludindo a dados e estatísticas
sobre o assunto divulgados pela imprensa. Da mesma forma, conclamou este
Legislativo a combater esse tipo de publicidade e mencionou o trabalho
desenvolvido no Estado pela Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. O Vereador
Sebastião Melo defendeu políticas de inclusão social implantadas na gestão do
Prefeito José Fogaça, citando problemas que, segundo Sua Excelência, eram
observados em Porto Alegre no período em que o Partido dos Trabalhadores se
encontrava à frente do Governo Municipal. Ainda, questionou o sistema
tributário vigente no País, asseverando que se observa uma centralização de
recursos por parte do Governo Federal, resultando prejudicados os Estados e Municípios
brasileiros. O Vereador Guilherme Barbosa reportou-se ao pronunciamento do
Vereador Sebastião Melo, em Comunicação de Líder, acerca do trabalho do Prefeito
José Fogaça, afirmando estar ocorrendo uma piora na qualidade dos serviços
públicos oferecidos à população. Nesse sentido, comentou questões ligadas aos
setores de segurança, saneamento básico e assistência social, aludindo ao
Projeto de Lei do Executivo nº 054/06, que altera a estrutura do Conselho
Tutelar em Porto Alegre. Em PAUTA, Discussão Preliminar, 3ª Sessão, esteve o
Projeto de Lei do Executivo nº 054/06, discutido pelos Vereadores Claudio
Sebenelo, Ervino Besson, José Ismael Heinen, Carlos Todeschini e Guilherme
Barbosa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão declarou seu
apoio ao Projeto de Lei do Executivo nº 054/06, lembrando o reconhecimento nacional
e internacional recebido pelos programas instaurados em Porto Alegre com vistas
à melhoria da vida de grupos carentes da comunidade. Da mesma forma, avaliou
políticas instauradas no Município para defesa da criança e do adolescente,
contestando críticas ao Prefeito José Fogaça hoje efetuadas por Vereadores
desta Casa. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM
DO DIA e aprovado Requerimento verbal formulado pela Vereadora Maria Celeste,
solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do
Dia, de acordo com o definido na reunião da Mesa Diretora com o Colégio de
Líderes realizada no dia quinze de fevereiro do corrente. Em Discussão Geral e
Votação, foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 001/07, por vinte e
nove votos SIM, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Clênia
Maranhão, Marcelo Danéris, Claudio Sebenelo, Maristela Maffei e Haroldo de
Souza, em votação nominal solicitada pelo Vereador Adeli Sell, tendo votado os
Vereadores Adeli Sell, Alceu Brasinha, Almerindo
Filho, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Dr. Raul, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gerson Almeida, Guilherme
Barbosa, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, José Ismael Heinen, Luiz Braz,
Marcelo Danéris, Márcio Bins Ely, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei,
Maristela Meneghetti, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Newton Braga Rosa, Nilo
Santos, Professor Garcia, Sofia Cavedon e Valdir Caetano e
tendo apresentado Declaração de Voto, conjuntamente, em nome da Bancada do PT,
os Vereadores Adeli Sell, Carlos Todeschini, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa,
Marcelo Danéris, Margarete Moraes e Sofia Cavedon. Em Votação, foi aprovado o
Requerimento nº 244/05, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores
Maristela Maffei, Adeli Sell e Clênia Maranhão. Após, a Senhora Presidenta
comunicou que o Vereador Bernardino Vendruscolo representará externamente este
Legislativo em eventos que integram a abertura da temporada legal de pesca, na
Província de Corrientes, na Argentina, do dia vinte e dois ao dia vinte e seis
de fevereiro do corrente. Em prosseguimento, foi aprovado Requerimento de
autoria do Vereador Bernardino Vendruscolo, solicitando a retirada de
tramitação do Projeto de Lei do Legislativo nº 204/05 (Processo nº 4372/05). Em
Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 078/06, o
qual, após ser discutido pelo Vereador Nereu D’Avila, teve sua discussão
suspensa, em face da inexistência de quórum. Durante a apreciação do Projeto de
Lei do Legislativo nº 078/06, o Vereador Márcio Bins Ely cedeu seu tempo de
manifestação ao Vereador Nereu D’Avila. Às dezoito horas e quatro minutos,
constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador
Ervino Besson, a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Maria Celeste e
secretariados pelos Vereadores Alceu Brasinha e João Carlos Nedel. Do que eu,
Alceu Brasinha, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que,
após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Srª
Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, o PLE nº 054/06 é
um Projeto que, com certeza, toda a sociedade porto-alegrense, bem como todos
os atores sociais dessa área estão voltados para a nossa Casa neste momento. Eu
coordenei e continuo coordenando a Frente Parlamentar da Criança e Adolescente,
e nós tivemos seminários sobre esse tema, bem como foi formado nesta Casa uma
Comissão Especial para tratar especificamente sobre o tema e para abrirmos esta
Casa do Povo para aqueles que, de fato, interagem, no dia-a-dia, sobre a
questão especial de como está o nosso Conselho Tutelar aqui em Porto Alegre.
É claro que nós também não temos a pretensão de
achar que o limite das discussões se encerra aqui em Porto Alegre. Mas vejam
bem, fomos nós, a Capital do Estado do Rio Grande do Sul, que colocamos o ECA,
em primeiro lugar, em prática no nosso País. Então, temos uma experiência, uma caminhada, e, desde o início, nós
sabíamos que, num determinado momento, íamos ter que rediscutir os Conselhos
Tutelares, analisarmos a experiência dada, e a vida mostrou que nós teríamos de
repensar não apenas as questões legais, mas também estruturais.
Sou
moradora, Verª Clênia Maranhão - V. Exª sabe disso - da Lomba do Pinheiro, e
nós integramos dentro da nossa Microrregião, hoje, praticamente parte da Santo
Antônio, do Morro Santana, pegando uma parte importante de toda essa região.
São exatamente nessas duas regiões, da Lomba do Pinheiro até a parte Norte, que
se dão os principais problemas de questões estruturais de Porto Alegre. O bom
senso nos levou a fazer essa discussão e a ouvir aqueles que lá interagem, para
que pudéssemos discutir com o Executivo Municipal de Porto Alegre, com a Câmara
Municipal de Porto Alegre, e, agora, estarmos debatendo esse Projeto de Lei.
Pode até ser que a minha fala seja repetitiva para aqueles atores que já a
fizeram, mas deixar de vir aqui e colocar a posição do Partido Socialista
Brasileiro - antes disso, uma militante dessa área - seria um pecado político
da minha parte.
Eu
fiz questão de vir aqui, sim, como Líder da nossa Bancada, e dizer que esse
Projeto será votado também por esta Vereadora da forma que está vindo, porque
foi construído com toda a sociedade de Porto Alegre. E me sinto gratificada que
um Projeto de Lei não seja retalhado, emendado, reemendado por aqueles que,
muitas vezes, com todo o respeito, não têm toda a vida real daquilo que se
passa no cotidiano da nossa Cidade nessa área - sempre conselheira Célia. E
esse respeito nós justificamos, neste momento, com o nosso voto, com a nossa
presença e dizendo: “Que bom, poderia ter sido lá na Administração Popular!”
Não foi, e agora está sendo. Acho que o Governo Fogaça honra a caminhada desses
interlocutores sociais, e nós cumprimos aqui a nossa obrigação de votar
integralmente este Projeto que, com certeza, não termina nas questões
estruturais, mas é importante estarmos de olho aberto com o que vai acontecer
lá em Brasília com relação aos novos debates sobre redução ou não da idade
penal.
Dessa
forma, Srª Presidenta, demarcamos aqui a nossa posição não apenas no sentido de
um voto, mas com muito orgulho, por ser uma militante também dessa área, o que
nos dignifica e, particularmente, me dignifica muito. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O
Ver. Nilo Santos está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. NILO SANTOS: Exma Srª Presidenta, Verª Maria Celeste; Srs.
Vereadores, público que nos assiste, quando se trata de crianças e adolescentes
moradores de rua, tem-se falado tanta coisa aqui que, muitas vezes, não fecha
com os dados. O Prefeito José Fogaça foi atacado aqui inúmeras vezes, hoje,
como se fosse o pai, como se fosse a mãe dos moradores de rua de Porto Alegre.
Eu
tenho um dado aqui, talvez auxilie, para que a antiga Administração não fique
empurrando para o Governo Fogaça um filho que é seu, porque em 2004, quando foi
passada a Prefeitura para o atual Governo, um estudo apontou 637 crianças e
adolescentes morando nas ruas de Porto Alegre, e mais ou menos dois mil
moradores de rua, somando com os adultos. Presume-se que, quando o PT assumiu o
Governo desta Cidade, havia em torno de 20 a 30 crianças moradoras de rua.
Há
um estudo que mostra que, em 1998, nós tínhamos em Porto Alegre 197 crianças e
adolescentes de rua; em 2004, 637. Ou seja, um aumento de mais ou menos 220% a
cada quatro anos. Se a antiga Administração tem filho em Porto Alegre, esse se
chama morador de rua. Brotaram durante a antiga Administração! Presume-se que
havia 20 a 30 moradores de rua, e aí entregam 637 crianças e adolescentes moradores de
rua!
(Aparte anti-regimental da Verª Sofia Cavedon.)
O SR. NILO SANTOS: Estou
trabalhando em cima de um estudo. Está aqui; depois tiro cópia e entrego para
os Vereadores.
Inclusive, em 1993, e não era o Prefeito José
Fogaça: “Rato come criança debaixo da ponte.”; “Famílias convivem com as
ratazanas.”; “Vinte meninos de rua moram atrás do Mercado Bom Fim.”
Puxa! Esta Casa aqui é uma Casa para soluções, para
construir, não para ficar tentando empurrar o problema com a barriga e querendo
achar, no Prefeito José Fogaça, o autor de todos esses problemas ou o pai de
todos esses problemas. Espero que, durante toda esta discussão, a gente possa
sair daqui construindo algo que seja concreto, real, não um jogo de palavras
para tentar sensibilizar as pessoas e pensando em captação de votos no futuro,
mas trabalhar com a realidade: nós temos hoje, em Porto Alegre, segundo um
estudo, 637 crianças e adolescentes morando nas ruas e que precisam ter seus
problemas resolvidos. O Conselho Tutelar tem contribuído muito para que esse
número não aumente, não cresça, para que os 220% a cada quatro anos não se
repitam mais. Então a Bancada do PTB está disposta, sim, a ser solidária nesse
processo e ajudar a construir uma Porto Alegre melhor para todas as nossas
crianças e adolescentes, enfim, para toda a sociedade desta Capital. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Márcio
Bins Ely está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. MÁRCIO BINS ELY: Exma Srª
Presidenta, Ver. Maria Celeste, na pessoa de V. Exª, quero cumprimentar os
demais Vereadores e Vereadoras desta Casa, público que nos assiste.
Venho a esta tribuna hoje, em Liderança pelo meu
Partido, o PDT, dos Vereadores Nereu D’Avila, Ervino Besson, Mário Fraga, Neuza
Canabarro e este Vereador, porque me chamou muita atenção, durante todo esse
feriado de carnaval, as inúmeras inserções e inúmeras propagandas divulgando cervejas
com pessoas jovens, pessoas
bonitas. Hoje nós abrimos as páginas dos jornais e, mais uma vez, somos
surpreendidos pelos números das vítimas dos acidentes de trânsito resultantes
deste carnaval. Este ano foram 15 mortes no Estado. Chamo a atenção para a
publicação dos jornais: das 130 carteiras de motoristas apreendidas, sete dos
condutores autuados estavam embriagados. Ou seja, mais de 5% dos condutores que
perderam a carteira estavam embriagados. E nós sabemos que a ligação entre o
álcool, os acidentes de carro e as vítimas está entrelaçada.
Eu
li ainda ontem, no jornal “ZH” Zona Sul, uma entrevista com a Presidente da
Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, que trabalha no Projeto Vida Urgente. A
Fundação tem pintado inúmeras borboletas brancas em nossa Cidade, Ver. Haroldo
de Souza, e nós sabemos o que representa cada uma daquelas borboletas brancas
pintadas no nosso asfalto, elas representam a morte de uma pessoa, de um jovem,
de alguém atropelado, de alguém vitimado em acidente de trânsito. Esse trabalho
é muito bem desenvolvido pela Fundação. Durante o recesso, eu também mencionei
aqui as ações desenvolvidas no Litoral pela Fundação Thiago de Moraes Gonzaga,
que esteve com cerca de 30 jovens fazendo caminhadas de conscientização a
respeito do álcool.
É
impressionante ainda a forma como a mídia, a televisão e as propagandas de
cerveja têm atuado para vender o seu produto. O cigarro já foi muito bem
combatido; hoje as propagandas já estão muito restritas. Os filmes, as questões
vinculadas ao esporte não podem estar ligadas ao fumo. Mas parece que, quanto
ao álcool, ainda não se despertou para o grande problema e para toda a
conseqüência que traz o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Então,
quando nós constatamos esses números, nós percebemos que algumas pessoas têm
lutado para mudar essa realidade. E eu acredito que a Câmara também vem
contribuindo, pois nós aprovamos, por iniciativa da Verª Clênia Maranhão, no
ano passado, o Projeto de Lei que proibiu o consumo de bebidas alcoólicas nos
postos de gasolina. Porto Alegre baixou da 11ª colocação, em 1993, para a 18ª colocação,
em 2002, no ranking das cidades com morte de jovens entre 15 e 24 anos
por acidentes de trânsito. Já é um dado importante. Acredito que nós devemos
continuar caminhando nesse sentido, mas também entendo que é fundamental que se
faça algum procedimento legal, porque a carga de propaganda que nós recebemos
durante todo o feriado de carnaval a respeito do consumo de cerveja foi
excessiva, foi elevada. E eu faço esse registro desta tribuna, para que nós
possamos dar início a um combate a esse tipo de propaganda massiva e que tem
ocasionado inúmeras mortes, principalmente mortes de trânsito e todas as
dependências que o álcool tem causado, todos os transtornos que o álcool tem
causado a muitas famílias brasileiras. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver.
Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª
Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, olha, como diria o velho Brizola: “Eu
venho de longe”. “Palavras sem atos são como tiro sem bala”, dizia o Padre
Vieira. Os Vereadores da Frente Popular; o Ver. João Dib e demais Vereadores
querem discutir a Cidade como se ela fosse uma ilha. Pois eu gostaria de
perguntar ao meu querido Ver. Marcelo Danéris por que ele não volta esse canhão
extraordinário, fantástico, dizendo: “Presidente Lula, chega de agradar essa
banqueirada, chega de "puxar o saco” dessa gente!” Cá para nós, o Brasil
gastou 30 bilhões com o Bolsa-Família nos quatro anos do primeiro Governo Lula
e gastou 530 bilhões pagando aqueles que, nas praças públicas, no ABC Paulista,
na Esquina Democrática, eram o satanás do PT, os banqueiros. Estão irmanados
numa política conservadora que, no primeiro mandato, cá para nós, Ver. Marcelo,
não cumpriu as promessas, e agora faz esse PAC que, na realidade, é um
requentamento de vários programas, que tem várias pontas. Então eu quero
discutir com toda a tranqüilidade que os problemas de ruas em Porto Alegre existiam antes do Governo Fogaça e continuam, perante o
Governo Fogaça, com alguns avanços importantes, os quais quero destacar. Eu não
tenho a memória curta, e os Vereadores desta Casa lembram que, em 1992, o
jornal Zero Hora fez uma grande reportagem sobre os “ninjas” da Cidade, que
eram os jovens, Ver. Elói Guimarães, que dormiam ali no esgoto, atrás do
Mercado Público. Sabem o que o Prefeito “Tarso FHC” fez? Mandou tapar os
bueiros e não produziu nenhuma política de inclusão social! Eu estou dizendo isso,
porque isso é emblemático!
Então,
Ver. João Antonio Dib, eu quero dizer que este Governo, com todas as
dificuldades financeiras que pegou, por exemplo, nas casas-lares, que eram
oito, do Governo anterior, aumentou-as em mais seis! Pagavam-se 400 mil reais
para cuidar das crianças; o Governo atual passou para 600 mil reais! O Governo
está conveniando, agora, Ver. Marcelo Danéris - acho que tem o apoio de V. Exª
e de toda a Casa -, dez equipes para tratar da questão da criança lá no
Partenon, lá na Restinga, lá na Zona Norte, porque antes só tinha no Centro de
Porto Alegre! Isso não é um avanço? É um avanço! A construção do Centro Social
do Bom Jesus não é um avanço? É um avanço! O dobro do tratamento da erradicação
do trabalho infantil, que era no valor de dois mil e poucos, no Governo
anterior, que passou para 4 mil e 400, resolve o problema? Claro que não
resolve, porque há milhares de pessoas neste País, em Curitiba, em Brasília, em
Porto Alegre, em Recife... Porque este é um País, meus amigos, em que a União
pode tudo! O Brasil tem a carga tributária maior do mundo e tem os piores
serviços públicos do mundo! E teve um aumento tributário, sim, no Governo
Fernando Henrique, mas teve aumento tributário, sim, no Governo Lula! E os
Municípios morrendo à mingua! A cada dia, o Diário Oficial da União transfere a
responsabilidade para os Municípios. “Isso é com o Município; aquilo é com o
Município!” E não vem o recurso.
Sou um municipalista
convicto, que acha que o cidadão vive o seu drama, o seu dia-a-dia, a sua
alegria, a sua tristeza e as suas satisfações nos Municípios.
Mas
o Brasil não tem uma República Federativa; tem uma República unitária, em que a
União pode tudo, os Estados quase nada, e os Municípios estão liquidados!
Então,
cá para nós, não dá para fazer esta discussão! Eu poderia perguntar, a título
de devolver ao Ver. Marcelo Danéris: “Mas onde está o serviço de disque-isso, o
disque-aquilo?” Eu poderia perguntar: “Onde é que funcionou, durante 16 anos, o
programa Cidade Viva, que anunciou coisas que nunca foram realizadas?” E o
exemplo maior eu quero dirigir aqui ao ex-Diretor do DMAE, que anunciou aos
quatro-ventos que o esgoto de Porto Alegre passaria a ser em 80%, e que, quando
chegou ao Governo, viu que o empréstimo não havia sido concedido, porque não
tinham pagado a conta, e a Prefeitura estava no SPC. Então vamos estabelecer
esse debate com muita tranqüilidade, com muito pé no chão. Porto Alegre não é
uma ilha, o Prefeito Fogaça é de carne e osso, não é santo milagreiro, não vai
resolver todos os problemas do dia para a noite, não foi desta forma que se
colocou para a gestão. Acho que há avanços e há desafios, e eu queria ver a
Bancada do PT, irmanada na Esquina Democrática, dizendo: “Chega, companheiro
Lula, de pagar a banqueirada, porque o povo está morrendo de fome!”
(Não
revisado pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O
Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Srª
Presidenta, Verª Maria Celeste; demais colegas Vereadores, Vereadoras, de fato,
o debate é interessante, importante e traz para nós, na verdade, o que cada
Governo tem de compromisso, como é que ele opera as suas finanças e de que
maneira investe os recursos, que sempre são menores do que o necessário para
investir na Cidade. Quais são os seus compromissos, afinal?
Fora
do debate político daqueles que tenham alguma vinculação partidária, não há
hoje quem ande nesta Cidade e não perceba que, praticamente, todos os serviços
na cidade de Porto Alegre perderam qualidade. Não é à toa que um jornalista do
setor político do jornal Correio do Povo trouxe uma conseqüência daquilo que
havia sido dito pelo jornalista David Coimbra, simpático ao Prefeito Fogaça.
Não
é, Ver. Brasinha, que se vá dizer - ninguém nunca disse - que a Cidade não
tinha problemas durante o período da Frente Popular e que vai deixar de ter
problemas na Administração Fogaça. Ninguém, na sanidade do seu juízo, vai falar
uma coisa dessas. Agora, não dá para esconder, porque é desonesto isso, não dá
para esconder que aumentou muito, aumentou demais o número de crianças nas ruas
de Porto Alegre, nas esquinas e nas ruas. Aumentou muito, aumentou demais o
número de adultos nas ruas de Porto Alegre.
A
Cidade está tão esburacada como nunca esteve, a Cidade que, durante longo
período - da Administração Popular e antes, com alguns outros Prefeitos -,
mantinha entre 2 e 3% de lâmpadas
apagadas na Cidade. Sabem quanto está agora? Dez por cento de lâmpadas apagadas
na Cidade. E sabem quem é agora o Diretor da iluminação pública? Um coronel
aposentado da Brigada Militar!
E
poderia citar vários outros serviços. Poderia citar vários outros serviços: a
capina, o lixo, nunca teve tanto foco de lixo! Quem passa na esquina da Av.
Ipiranga com a 3ª Perimetral vai ver ali um montão de lixo, que fica ali vários
dias! Não tinha lixo na Cidade? Claro que tinha, mas a Cidade teve um
crescimento enorme nesses 16 anos da Administração Popular.
Então
não é possível ter uma política absolutamente financista e esquecer os
compromissos com a Cidade, principalmente esses que nós estamos debatendo na
questão do Conselho Tutelar. Esta Cidade foi a primeira Capital do Brasil - e
isso foi durante o período da Administração Popular - a estabelecer o seu
Conselho Tutelar. É preciso ter mais ainda, mas falta política na FASC. Nós não
devíamos, por exemplo, alugar alguns prédios na Zona Sul da Cidade sem ter o
que fazer! A gente tem que ver como é que fica isso! Falta política! Estamos
fechando as pontes, talvez seja preciso, mas as pessoas estão indo para as
calçadas e para as praças.
É
preciso que o Prefeito acorde. Esta Administração me dá a impressão de ter a
agilidade de uma tartaruga para tentar resolver os problemas. Nós não nos
alegramos com isso, nós não somos daqueles que acham que quanto pior, melhor.
Nós queremos, sim, ser oposição dura para até ajudar o Prefeito, mas esta Casa,
Ver. Nilo, é uma Casa de debates, é uma Casa de contradições. Nós não podemos
esconder aquilo que está na cabeça de todo o mundo. Eu podia citar o transporte,
eu podia citar o abastecimento de água. Depois de mais de 10, 12 anos que a
Administração Popular corrigiu o problema crônico de falta de água em alguns
locais, está faltando água de novo na Região Leste da Cidade. Não há explicação
para isso, senão a dificuldade gerencial da atual Administração. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Passamos
à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
3ª SESSÃO
PROC. Nº 5677/06 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 054/06,
que altera a estrutura do Conselho Tutelar da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre pela criação de vagas de Conselheiro Tutelar, dispõe sobre o processo
eleitoral dos Conselheiros Tutelares, e dá outras providências.
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O
Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. CLAUDIO SEBENELO: Srª
Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. Marcelo Danéris, com todo o gás que
caracteriza a sua voracidade em colocar na boca das pessoas coisas que não
foram ditas, vem a esta tribuna dizer que o processo eleitoral do Conselho
Tutelar está liderando as preocupações, quando nenhum Vereador falou
absolutamente nada em relação às pessoas do Conselho Tutelar e, principalmente,
à forma de escolha. O que se falou foi que a última eleição do Conselho Tutelar
em Porto Alegre foi uma das mais vergonhosas da história eleitoral de Porto
Alegre.
Então
cabe um debate amplo como este. E os Conselheiros Tutelares valorosos da cidade
de Porto Alegre, muitos deles seguram uma barra pesadíssima, com poucos
recursos e, realmente, é o problema do menor um problema muito maior, e os
Vereadores do Partido dos Trabalhadores vêm aqui e dizem que, quando Porto
Alegre tinha seiscentos e tantos menores - 674 menores de rua em Porto
Alegre -, ganhou o Prêmio Prefeito Criança da Abrinq! Quero saber qual é o
outro prêmio que vai receber. Claro que havia entre a escolha da cidade e o
Presidente da Abrinq uma intimidade muito grande com o Partido dos
Trabalhadores, já que o Presidente foi assessor do Presidente Lula. Então nós
sabemos que essas questões eram “só para inglês ver”, mas as condições da
Educação Infantil na cidade de Porto Alegre eram vergonhosas.
Hoje
nós temos condições dificílimas, na área do Conselho Tutelar, já registradas.
Este Vereador já visitou diversos Conselhos Tutelares. Já estão alinhavadas as
questões e as dificuldades do sistema, da estrutura, que têm que começar do
zero novamente. Não se deixou esse trabalho, que é dito de infra-estrutura, não
se deixou na cidade de Porto Alegre nada modelar; nada disso: é um trabalho que
merece uma revisão. E é corajosa a atitude do Sr. Prefeito de Porto Alegre, a
de mandar para esta Casa um Projeto em que se vai debater o que fazer perante
essas condições. Nunca nenhum Prefeito mandou para esta Casa nada que
revisasse, que refizesse, que rebatesse e que rediscutisse esta questão.
Desembocou-se na última eleição, num dos piores escândalos eleitorais desta
Cidade. Inclusive, na hora da apuração, Ver. Raul Fraga, houve um apagão dentro
da Assembléia Legislativa. Na hora da apuração, casualmente na hora da
apuração! Políticos, muitos deles indecorosos, faziam da compra de votos,
faziam, inclusive, de instituições da sociedade civil cavalos-de-batalha para eleição
de dois, três, quatro, inclusive, Conselheiros Tutelares. Transporte de
eleitores num dia de chuva foi uma das vergonhas.
Houve
uma reunião aqui, um debate muito grande, uma Audiência Pública, inclusive,
nesta Casa, registrando isso.
Então,
o que nós queremos dizer é que temos que modificar essa política. E quem tem a
coragem de dizer que está mal, que tem que modificar, que tem que aumentar o
número de Conselheiros Tutelares e que tem que verificar bem mais de perto a
forma de escolha é exatamente o Prefeito da cidade de Porto Alegre, que tem a
honradez, que tem a coragem, que tem, inclusive, a transparência de dizer que
isso está mal e que tem que ser modificado. Que Prefeito de um outro ciclo que
Porto Alegre teve que mandou para esta Casa alguma coisa que modificasse esse
estado complicado de coisas, que é a questão das crianças de Porto Alegre, que
é a questão do Conselho Tutelar? Perguntem a todos os Conselheiros Tutelares;
cada um deles vai pôr em primeira iniciativa: não temos nada a fazer quando
temos um menor drogado. E vocês sabem que o menor drogado é a presa fácil dos
traficantes!
(Não
revisado pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O
Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ERVINO BESSON: Minha
cara Presidenta, Verª Maria Celeste; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhoras e senhores que nos
assistem nas galerias e pelo Canal 16, da TVCâmara, eu queria saudar todos.
É
importante a discussão a respeito dos Conselhos Tutelares, mas eu, que
acompanhei todas as reuniões daquela que foi uma proposta do Ver. Carlos
Alberto Garcia - quando foi amplamente discutida a problemática dos
Conselheiros Tutelares e as alterações propostas, o que nós vamos agora
discutir aqui neste Plenário -, confesso que tenho algumas dúvidas, como
levantei nas reuniões, e quero levantar essas dúvidas no dia de hoje neste
Plenário. A primeira delas: a exigência de escolaridade. Eu tenho muitas
dúvidas sobre isso. Falando, faz algum tempo, com um juiz, ele me dizia o
seguinte: se algum dos interessados entrar na Justiça e cair nas minhas mãos,
eu vou dar ganho de causa à pessoa que está se sentindo prejudicada, porque, se
nós exigimos escolaridade, nós temos que também avaliar o nosso Presidente da
República, e também este Plenário e outros Parlamentos. Tenho informações,
minha cara Vereadora, de que, nesse último teste, nas últimas eleições,
advogados não passaram no teste. Inclusive, se eu conseguir essas informações,
as trarei a esta tribuna. O teste não é fácil. Meu caro Ver. Nilo, deveria
haver alguns requisitos para o candidato, como passar nas provas, e ainda uma
avaliação por voto popular - o mais importante. Aqui se falaram tantas coisas.
Estatuto
da Criança e do Adolescente: eu também tenho dúvidas sobre o Estatuto. O
Estatuto dá direitos, direitos, direitos, direitos, direitos e mais direitos!
Agora, deveres... Muito poucos! A vocês que nos assistem pelo Canal 16,
TVCâmara, pergunto: nós, que temos filhos, vamos dar somente direitos a nossos
filhos? Só direitos, e mais direitos, e mais direitos, e não vamos dar deveres
a eles? Será dessa forma é que vamos criar um futuro cidadão, uma futura cidadã
para o dia de amanhã? É um alerta que faço aqui.
Há
poucos dias, acho que o mundo todo assistiu àquela tragédia no Rio de Janeiro. Aqueles
quatro elementos... Mas não os vamos chamar de “elementos”, vamos chamá-los de
“aqueles quatro lixos” - lixos - que cometeram aquele crime brutal. Arrastar
uma criança... Arrastar uma criança, isso é uma coisa que choca na alma de
qualquer um. Policiais treinados, preparados, quando se deram conta e se
depararam com aquele crime brutal, não tiveram nem condições de comunicar aos
seus superiores o que estava acontecendo. Aquele Sargento não conseguiu dar a
entrevista. Eu pergunto: se existisse pena de morte neste País e se existisse
prisão perpétua, será que algum dos Srs. Vereadores e Sras Vereadoras subiria a esta tribuna e se
colocaria contrário a ela? Será? Eu não sei, Ver. Adeli Sell, porque eu conheço
V. Exª, e acho que V. Exª pensaria muito antes de dizer que seria contrário a
que essa gente pagasse com a pena máxima. E lá havia um jovem de 14 anos de
idade. Teria que pagar duro com as penas da lei. Em outros países, até aos de
sete anos de idade, há dureza nas penas da lei, um menor com sete anos já paga brutalmente;
e tem que pagar mesmo.
Agora, é um Projeto importante, sabemos do problema
dos Conselheiros Tutelares.
A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite
um aparte?
O SR. ERVINO BESSON: Vereadora, eu
lhe concederia um aparte com muito prazer, mas terminou o meu tempo.
Para encerrar a minha fala, minha cara Presidenta,
peço mais meio segundo.
Aqui se criticou tanto e tanto o Prefeito Fogaça.
Eu quero falar para o meu querido Ver. Marcelo Danéris, grande Vereador, não
sei qual é a crença de V. Exª, mas, se acredita num Deus, agradeça a Deus que
outro Partido ganhou as eleições nesta Cidade, porque o PT deixou tantas
dívidas, deixou os cofres raspados, mas, graças à sua competência, o Prefeito
Fogaça conseguiu recuperar pelo menos o nosso crédito para investir na cidade
de Porto Alegre, senão estaríamos enfrentando, meu caro Ver. Sebenelo, um
verdadeiro caos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. A Verª Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) O Ver. José Ismael Heinen está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exma Srª
Presidenta, nobres colegas, sobre o Projeto de Lei que estamos discutindo em 3ª
Sessão de Pauta, justamente o que acabei de ouvir aqui do último colega que se
pronunciou, o colega Ervino Besson, sobre a escolaridade dos candidatos, na
nossa democracia dos direitos iguais, nós temos legislado muito, ultimamente,
querendo direcionar para algum tipo de pessoa os cargos públicos deste País.
Das
muitas vezes em que estive envolvido nos bairros de Porto Alegre, nas vilas de
Porto Alegre, tratando de assuntos que envolviam os menores desta Cidade, quem
eu encontrava lá, às vezes, eram conselheiras e conselheiros tutelares, Ver.
Nilo Santos, que faziam parte da comunidade; os outros não compareciam -
constato - por absoluta falta de coragem para enfrentar os problemas e para
entrar naquelas comunidades. Eu não sei lhes dizer se aquelas conselheiras ou
aqueles conselheiros tinham algum diploma, mas eles tinham dentro de si uma
garra tão grande, uma vontade tão grande de resolver os problemas daquela
comunidade, que são problemas com narcotráfico, problemas sérios, nos quais se
falava até sussurrando, às vezes, baixinho, com medo de serem identificados por
alguém que pudesse estar passando. E essas pessoas, a meu ver, são as
autênticas representantes das comunidades, para onde nós temos de levar o nosso
apoio, estender a nossa mão amiga, porque é ali que está acontecendo o problema
- não é aqui no Centro, não -, é lá na vila, é lá na comunidade que o nosso
Conselheiro Tutelar tem de conviver. E no momento em que nós quisermos
elitizar, darmos cargos superior a esses Conselheiros Tutelares, com certeza
não vamos ter candidatos identificados com os problemas do menor, no que ele
mais carece.
E
como também foi aqui falado do problema constitucional, se ele é um cidadão que
está com todos os seus direitos, nós não podemos cercear esse direito de ele
ser um conselheiro tutelar.
Sobre
os cursos, estive vendo no Projeto: um curso de 120 horas de carga-horária,
curso fundamentado, científico, comprovado - eu acho que também nós não
atingiremos essas pessoas líderes de suas comunidades. Agora, se nós, em vez
disso, propuséssemos um concurso aos candidatos e também um outro curso,
digamos, mais aprofundado para os candidatos eleitos, com certeza teríamos
preenchido essa lacuna. Nós teríamos, em contrapartida, os direitos de quem quisesse
se dedicar aos problemas dos jovens e teríamos eles também inseridos dentro da
sua comunidade.
Então,
eram esses dois pontos que eu queria trazer. Não vamos menosprezar aquela
pessoa que aprende as suas lições com a vida, porque não é só nos bancos escolares,
não... E não é principalmente nos nossos bancos escolares, com os nossos
diplomas universitários, através de Ensinos Médios e Fundamentais fracos, pois
também são diplomas fracos, muito fracos, meus amigos. Há muitos líderes
comunitários com apenas o Ensino Fundamental, ou talvez até nem completo, com
uma sapiência maior, convivendo com problemas, sabendo o que tem de ser feito
para resolver os problemas. Srª Presidente, eram essas as minhas considerações
a respeito deste Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Marica Celeste): O
Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Minha
cara Presidenta, Verª Maria Celeste; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
telespectadores do Canal 16, nós estamos discutindo este Projeto de Lei, que é
uma construção, que é um acúmulo, porque Porto Alegre foi e é pioneira na
questão da representação dos Conselhos Tutelares, mas, com relação à qual, ao
longo dos anos, já foi identificada a necessidade de um aperfeiçoamento, de uma
melhoria e de uma qualificação nas regras, nas leis, nos elementos que compõem
a eleição de quem produz a proteção da criança e do adolescente.
E,
com orgulho, nós tivemos, aqui nesta Cidade, grandes conquistas. Aliás, o Fórum
Social Mundial, que é a expressão máxima que nós temos nas representações, é
por todas essas questões. E isso não impede, como em tudo, constantemente, se
repensar e aperfeiçoar, Ver. Gerson, as questões, as políticas, o jeito de
fazer, o jeito de governar.
Infelizmente
nós temos verificado muitos retrocessos, e eu quero dizer que não é por que o
Prefeito Fogaça não seja uma pessoa com boa intenção, uma pessoa esforçada. Eu
mesmo já participei de várias reuniões lá com o Prefeito; o problema é que,
depois que sai daquela sala, ninguém faz nada, Ver. Gerson. O Governo é um
desastre, a Governo é a pura descoordenação. Então eu quero te responder com
tranqüilidade, Ver. Brasinha, inclusive com relação a essa “forçação de barra”
que constantemente é feita aqui, Ver. Ervino, de que o PT deixou a Prefeitura
endividada. Eu digo e afirmo com todas as letras: é mentira! É mentira! É
mentira, porque a Prefeitura de Porto Alegre sempre operou com déficit de caixa
entre 50 e 60 milhões, e foi isso que ficou de conta para pagar. A suspensão
dos financiamentos internacionais se deu por conta da pura incompetência do
Governo. Sabem por quê? Porque desmancharam as equipes de
profissionais que realizavam as desapropriações e porque, como não conseguiram
desapropriar as áreas lá para fazer transferir a estátua do Laçador, veio o
Fonplata e disse que as obrigações não haviam sido cumpridas. Disseram
que não havia dinheiro, mas para desapropriar não se precisa de dinheiro, e o
Governo sequer sabia disso, e as equipes sequer sabiam disso! É por isso que os
30 imóveis que eram para ser desapropriados não foram desapropriados, e o
Fonplata cortou o financiamento, e isso fez com que o BID não tivesse a
contrapartida para as obras da Perimetral e para as obras da pavimentação comunitária.
E o BID veio inspecionar e viu que o programa do BID andou, e os outros estavam
com um desequilíbrio de mais de 20 milhões. Aí a Prefeitura foi obrigada a
pagar a conta e a devolver o dinheiro, inclusive porque os financiamentos
internacionais têm uma coisa que se chama o pari passu, que cada
real investido pela instituição financeira internacional requer também o
correspondente, a contrapartida contratada do órgão, no caso o Fonplata ou a
Prefeitura. E não só tiveram que devolver o dinheiro como tiveram que fazer o
andamento justaposto do pari passu.
É por isso que Porto Alegre não recebeu os
financiamentos internacionais: por incompetência e despreparo da equipe. É
assim que o Governo é composto, e assim muitos recursos como os para apoio à criança
e ao adolescente foram perdidos, Vereadora Sofia. Assim com foi jogada fora uma
Emenda de três milhões de reais para recuperação do Auditório Araújo Vianna.
Este é o Governo e, portanto, não venho aqui “forçar a barra” ou falar
inverdades como alguns vêm sistematicamente fazer aqui.
A Srª Sofia Cavedon: Vossa
Excelência permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador Todeschini,
para acrescentar aos elementos que V. Exª traz, nós estamos neste momento com
um problema: o SASE, que atende crianças no turno extraclasse em toda a cidade
de Porto Alegre, tinha uma política desenvolvida pelos Governos da Frente
Popular com o Fórum das Entidades, e como essas crianças vão à escola de
ônibus, vão aos atendimentos e têm direito às carteirinhas de passe livre. O
Fórum das Entidades está pedindo a agenda com o Governo, porque ainda não foram
providenciadas. Então o problema de gestão é sério em várias áreas e acaba
prejudicando a própria orientação das políticas que já existiam, políticas que
foram transformadoras e criadas com a sociedade civil para a criança e
adolescente.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Não duvido,
Vereadora Sofia, da boa-vontade, das boas intenções com o Prefeito, mas o
Governo é um desastre geral. Está aí a altura do capim para falar por quem não
tem voz. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver.
Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Acho
que é um dos mais importantes que o Legislativo Municipal pode abordar. Nós
estamos, na verdade, falando de um agrupamento humano muito desprotegido, que
são as crianças pobres, as crianças carentes, as crianças marginalizadas,
agredidas, violentadas, e quem teve alguma experiência, algum contato com as
pessoas dos Conselhos Tutelares sabe o quanto isto é doloroso: saber que um
grande percentual dessas crianças é violentada na sua própria residência,
muitas vezes pelo seu padrasto, ou mesmo pelo pai.
Então
nós estamos abordando um tema que é muito doloroso, que é o da exclusão, da
marginalização. Portanto, quando vem um Projeto para modificar o Conselho
Tutelar de Porto Alegre, que, repito, foi a primeira Capital que estruturou o
seu Conselho Tutelar no período da Administração Popular, nós temos de analisar
este Projeto com muito cuidado. Há um item interessante para o próprio
crescimento da Cidade, porque amplia a possibilidade de atendimento, que é a
criação de mais duas Regiões, o que pode significar o melhor atendimento. Mas
algumas interferências já aconteceram nas eleições, Ver. Sebenelo, embora eu
ache que V. Exª talvez esteja no nível da ingenuidade em achar que pessoas que
terão um certo destaque de atuação nesse setor possam estar isentas da
influência política. Mas, evidentemente, nós temos que trabalhar para que isso
seja superado.
Mas
há um outro item que também está agindo muito nas eleições: o fato da ligação
de candidatos, e depois, de Conselheiros eleitos ligados com igrejas também.
Há campanhas, não todas, dentro de algumas igrejas,
dentro dos seus espaços, durante o período de culto, para determinadas chapas.
Portanto,
a atuação dos Conselheiros, que deveria se dirigir para a defesa dos direitos
das crianças e dos adolescentes, muitas vezes, também, dirige-se para os
interesses de algumas igrejas. Temos de estar atentos para isso.
Não
é só a questão político-partidária, que também existe, mas também a questão de
culto. E, às vezes, a gente percebe que alguns desses conselheiros eleitos têm
uma atuação muito menor na defesa das crianças e dos adolescentes, e mais na
defesa do seu espaço religioso.
A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Obrigada, e quero parabenizar V. Exª, dizendo que é muito bem-vindo
à Bancada, e lhe trazendo mais um elemento quanto aos problemas da eleição; nós
temos temas que são um desafio aos Conselheiros Tutelares e que acabam tirando
o tapete deles.
Porto
Alegre - e o Ver. Todeschini vinha pautando - vem perdendo importantes
elementos que havia conquistado. Vou dar um exemplo: estamos iniciando o ano, e,
na cidade de Porto Alegre, todas as comunidades em torno das escolas municipais
já garantiram matrícula para as crianças de seis anos, todas as escolas
municipais, mas em função de o Estado, neste ano, cumprir a Lei Federal que
estabeleceu a idade de seis anos e quatro meses para ingresso na escola, a rede
municipal do Prefeito Fogaça também adotou tal idade. Então as nossas escolas,
as nossas comunidades, que são da periferia da Cidade, que antes colocavam as
crianças com seis anos no Ensino Fundamental, agora só podem colocar suas
crianças na escola com a idade de seis anos e três meses; então ficaram fora,
não entraram no Jardim e não entraram no Ensino Fundamental! Perdeu-se.
Fizemos reuniões aqui na Câmara com o Ministério
Público, pois se perdeu em qualidade, em conquista, uma conquista essencial
para essa faixa etária.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Exatamente. Se nós trabalhamos pelo lado
de ampliar a estrutura do Conselho e reduzir o trabalho feito pelo Executivo
Municipal, é como dar com uma mão e tirar com a outra.
Quero
dizer também a V. Exª que a abordagem de rua com uma equipe altamente
qualificada - e a FASC tinha uma equipe altamente qualificada para abordar as
pessoas de rua, tanto adultos como crianças ou adolescentes - sumiu. E agora,
depois de dois anos, é que se pensa em terceirizar um serviço que já existia
anteriormente. Ora, é um problema terceirizar um trabalho como esse. Então, que
nós não façamos um trabalho, aqui, de apoiar a iniciativa que, em tese, é boa,
até pela reivindicação dos próprios Conselheiros, de ampliar a sua estrutura,
mas que a omissão do Executivo faça com que a gente amplie por um lado e reduza
pelo outro. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
A
SRA PRESIDENTA (Maria Celeste):
A Verª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª
Presidenta, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, nós estamos discutindo aqui um Projeto
extremamente importante para a Cidade, que é o Projeto referente aos Conselhos
Tutelares. A Prefeitura de Porto Alegre constrói um Projeto por unanimidade,
baseado exatamente nos critérios técnicos e nas necessidades das crianças de
Porto Alegre. Talvez me surpreenda um pouco que alguns Vereadores aproveitem
esta oportunidade para dizer tantas inverdades sobre uma cidade. Talvez seja
compreensivo exatamente pelo fato de tais Vereadores terem se ausentado do
Município por dois anos para ocupar altos cargos do Governo Federal, e
exatamente por isso não conheçam mais a Porto Alegre de hoje, a Porto Alegre que
avançou, a Porto Alegre de uma gestão que manteve as conquistas da sociedade,
porque não tem postura revanchista, porque não tem postura sectária. Por isso
manteve o OP, avançou no processo democrático, e exatamente alguns Vereadores
que não estavam aqui dizem essas inverdades por desconhecê-las. Eu acho bom
olharem os arquivos do Orçamento Participativo, pois o Prefeito José Fogaça
esteve em todas as plenárias. Não é verdade o que V. Exª estava dizendo aqui.
Eu acho bom V. Exª se informar inclusive com a sua própria Bancada, porque
vários dos seus colegas estavam lá, juntos, inclusive, com o Prefeito naquelas
reuniões.
Eu
também queria dizer que, não por acaso, são os mesmos Vereadores que estavam
ausentes que começam a falar outras inverdades. Eu também queria lembrar que
essa política de melhoria das condições sociais de Porto Alegre é reconhecida,
Vereador, nos fóruns nacionais e internacionais. Porto Alegre é uma cidade que,
na sua história, teve um amplo reconhecimento e que em uma gestão que prioriza
aqueles que mais precisam... E, ao contrário do que V. Exª está dizendo, houve
uma enorme redução das crianças nas sinaleiras, porque nós ampliamos a rede de
apoio, que era a grande debilidade do Governo passado.
Talvez
V. Exas tenham esquecido que, nesses 16 anos em
que estiveram lá - o seu Governo esteve lá, não negue essa sua história, não
negue esse seu passado -, Porto Alegre foi apontada, inclusive pelo Banco
Mundial, como a cidade brasileira em que mais cresceu a desigualdade. Se for
para fazer debate aqui em cima de dados inverídicos, V. Exª vai receber a
resposta dos dados concretos, Vereador, porque nós não vamos admitir que
comportamentos e discursos demagogos, eleitoreiros venham turvar a verdade de
um processo de diálogo, de respeito à diferença. Talvez, Vereador, V. Exª não
saiba do que eu estou falando. Respeito à diferença, Vereador, é permanecer com
as coisas que são boas em um governo, mesmo que ele seja do oponente; respeito
à diferença é poder aceitar uma melhoria da cidade, aceitar a melhoria da rede
de creche. Quando nós assumimos o Governo em Porto Alegre, para quatro crianças
de periferia, três estavam fora da creche! Essa era a realidade. Nós sabemos
que isso começa a mudar, pelas novas creches construídas, pela ampliação das
creches, pelo aumento dos recursos financeiros, pela política de educação para
crianças de zero a seis anos.
Ainda no sentido de rebater as inverdades, não é
política do Município excluir as crianças, que hoje nós aceitamos a partir dos
seis anos de idade. Esta é uma realidade. As pessoas que estão acompanhando o
dia-a-dia desta Cidade sabem disso, as pessoas que estão acompanhando a
implantação de uma política de gestão democratizada e territorializada sabem
disso.
Eu
quero fazer aqui um debate, mas um debate claro, um debate honesto, um debate em
cima das idéias, Vereador. Eu acho que não dá para rebaixar o debate político
que esta Casa vinha fazendo, que era em cima das idéias, em cima da verdade, em
cima dos fatos, porque retomar uma postura de levantar calúnias para aparecer
no Canal 16 eu acho que realmente rebaixa, e muito, a qualidade deste
Parlamento.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria
Celeste): Solicito abertura do
painel eletrônico para verificação de quórum. (Pausa.) (Após a apuração
nominal.) Vinte e cinco Vereadores presentes. Há quórum. Passamos à
Conforme acordo preliminar, coloco em votação a seguinte ordem
estabelecida para votação dos projetos: PDL nº 001/07, Requerimento nº 244/05, PLL nº 078/06, PLCL nº 002/05, PLCL nº
010/03, PLL nº 090/05. Em votação. Os Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
PROC. Nº 0855/07 –
PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 001/07, da Comissão de Constituição e Justiça, que autoriza o
Prefeito Municipal a ausentar-se do País, de 24 de fevereiro de 2007 a 06 de
março de 2007, para viajar a Montreal
(Canadá) e Washington (EUA).
Parecer:
- da CCJ. Relator
Ver. Nereu D’Avila: pela aprovação do Projeto.
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Em discussão o PDL nº 001/07. (Pausa.) Em
votação. A Verª Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar a votação do
PDL nº 001/07.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO:
Srª Presidenta, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu gostaria da atenção de V. Exas, porque, logo
mais, nós iremos votar a autorização para a viagem do Sr. Prefeito José Fogaça
às cidades de Montreal e Washington. E faço questão de assomar a esta tribuna,
apesar de o Processo estar explicitando o motivo de sua viagem, para que nós
possamos clarificar o conteúdo, o significado e a importância dessa viagem.
A cidade de Porto Alegre, pela sua trajetória, pela
sua composição, desde as suas origens de diversidade étnica, cultural, é uma
cidade que tem dado um aporte fundamental à história deste País na área da
democracia e da participação.
Desde muitos anos, os imigrantes que aqui chegaram
se constituíram nos seus bairros, com as suas comunidades, com os seus grupos
étnicos de apoio. Ao longo dos anos, os governos foram incorporando
metodologias e políticas públicas que correspondiam a esse sentimento, às
exigências da comunidade porto-alegrense. Foi assim que foram criados os
Conselhos Populares, ainda no Governo do então Prefeito Alceu Collares; o
Orçamento Participativo, que permanece, criado há mais de 15 anos - que
permanece ainda da gestão do PT -, enriquecido hoje por outros Conselhos, pela
Governança Solidária, o que faz com que a nossa Cidade se credencie, em nível
do cenário internacional, como sede de importantes eventos mundiais, como os eventos
mundiais do Conselho de Igrejas, o Congresso Internacional de Turismo e tantos
e tantos outros como, por exemplo, recentemente nós tivemos aqui em nossa
Cidade, sem, evidentemente, esquecermos do Fórum Social Mundial.
Porto Alegre se prepara para mais um grande evento,
que é a Conferência Mundial das Cidades, que é exatamente uma conferência
apoiada pela CGLU, aquela entidade que nós chamamos a “ONU das Cidades”, pela
Unesco, e uma parceria com a Prefeitura de Montreal, no Canadá.
Então
o Prefeito José Fogaça está viajando esta semana para participar do Fórum sobre
a participação na cidade de Montreal, na condição de palestrante, para
apresentar as experiências da sua gestão, do seu Governo e da nossa Cidade.
Posteriormente,
o Prefeito irá ao BIRD, em Washington, onde terá duas agendas: no Departamento
de Desenvolvimento das Cidades e na Coordenadoria da Infra-estrutura, onde
tratará desse tema e de outros temas relevantes ao desenvolvimento da Cidade.
Evidentemente são temas
que exigem a presença de um Prefeito, mas a nossa legislação, que, do ponto de
vista do acompanhamento público, é muito correta e completa, faz com que as
viagens do Prefeito ao Exterior, com mais de cinco dias, tenham de passar por
esta Casa.
Então é isso que logo mais
estaremos votando: a possibilidade da representação da nossa Cidade nesses dois
importantes e significativos momentos em Washington e Montreal. Muito obrigada.
(Não
revisado pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste):
O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para encaminhar a votação do PDL n°
001/07.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Srª
Presidenta, Verª Maria Celeste; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, público que nos acompanha
aqui e pela TV Câmara, o jornalista David Coimbra, Verª Clênia Maranhão, se
ressentiu com o Governo Municipal, porque este não é capaz de ouvir a crítica.
Ele disse na sua coluna, inclusive, que o jornal Zero Hora, a RBS, recebeu
vários telefonemas do Governo Municipal, porque não sabem ouvir a crítica, Ver.
Gerson Almeida; ele colocou no papel. E inclusive colocou panfletinho da
campanha da Governança Fogaça para mostrar o que ele estava cobrando.
A
Verª Clênia Maranhão, Líder do Governo, mostrou esse perfil de não saber
receber a crítica, rebaixou o debate para uma situação de quem estava e quem
não estava em Porto Alegre e resolveu atacar os Vereadores, sem responder aos
questionamentos.
Mas
se é para saber quem é que estava mais em Porto Alegre ou não, com certeza, não
era o Prefeito Fogaça, que ficou 16 anos fora de Porto Alegre, como Senador. E
deve ser por isso o resultado desses dois anos de abandono da Cidade, agora,
como Prefeito! Dezesseis anos fora! Veio para cá e, depois, queria propor, no
seu programa de Governo, que a Usina do Gasômetro virasse escola! Não conhecia
a Cidade. Deve ser por isso que a Verª Clênia Maranhão gosta de falar de quem
está fora de Porto Alegre.
Nós
vamos votar favoravelmente à viagem do Prefeito José Fogaça, até porque não
será nem percebida, Ver. Todeschini, a sua ausência, porque a população nem
sabe da sua presença. A Cidade está abandonada não só pelas políticas públicas,
que não exerce na Cidade, como também está abandonada fisicamente da presença
do Prefeito José Fogaça na Cidade.
Mas
olha só o que o Prefeito José Fogaça vai fazer lá em Montreal e Washington às
custas do Município, que está fazendo um duro corte nos custeios e nos
investimentos - mas para pagar a viagem do Prefeito não tem: ele vai lá ao BID,
onde vai apresentar os resultados financeiros desta Prefeitura, correspondentes
ao exercício de 2006. Ora, pelo jeito, os americanos saberão antes de nós como
está a Prefeitura de Porto Alegre, os resultados financeiros, porque aqui a
gente fez apelos para que o Secretário Municipal da Fazenda viesse aqui
explicar um superávit, que ele diz que é de 93 milhões, e uma dívida de
fornecedores, que é de 100 milhões! Uma matemática muito estranha, inclusive,
para um Secretário da Fazenda, porque, para mim, isso é um déficit de sete
milhões, e não um superávit de 93 milhões. Mas o Secretário ainda não respondeu.
A Líder de Governo, a Verª Clênia Maranhão, diz que ia ver uma data para
confirmar, não respondeu; por enquanto, silêncio. Nós cobramos aqui: cadê o
corte dos investimentos na Cidade, que chegaram a 95 milhões só no último ano?
Cortes de investimentos na Cidade! Obviamente, cortes de custeio, cortes de
serviços. Ah! isso o Secretário Municipal da Fazenda nem respondeu ainda. Mas o
Prefeito irá a Washington prestar essas contas. A Câmara de Vereadores não
merece o respeito, como Poder Legislativo, de ouvir, pelo menos, do Secretário
Municipal da Fazenda uma justificativa de superávit, quando a população toda
cobra que faça pelo menos a limpeza da Cidade.
Este
Governo, como disse muito bem o Ver. Todeschini, tem o tamanho do mato que está
na Cidade. É essa a explicação que nós esperamos do Secretário Municipal da
Fazenda. Inclusive, quem sabe, junto com a ida do Prefeito a Washington para
dizer lá como estão as finanças de Porto Alegre, o Secretário da Fazenda possa
vir aqui dizer para os Vereadores como é que estão as finanças de Porto Alegre,
e dizer como é que se chegou a um superávit, já que, segundo tinha um déficit,
depois virou superávit consecutivo de dois anos, com cortes profundos e
dramáticos, com conseqüências profundas para a cidade de Porto Alegre, cortes
nos investimentos da Governança Fogaça.
(Aparte
anti-regimental da Verª Clênia Maranhão.)
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Nós
vamos votar! Com certeza, nós vamos votar, Verª Clênia Maranhão, mas eu quero
saber cadê a resposta do investimento. Eu estou aqui já pela terceira ou quarta
vez perguntando cadê os programas da criança e do adolescente. Eu li cada item
do seu programa, Verª Clênia Maranhão; era só a senhora dizer qual está
funcionando, mas não diz, porque não estão funcionando. E, ao não ter
argumentos para responder, ao não ter Projetos para mostrar, preferiu atacar os
Vereadores, dizendo se eles estão ou não estão na Cidade. Ausente está o
Prefeito! Infelizmente, ausente está o Poder Público nesta Cidade que se
ressente da presença do Prefeito, do Poder Público e da gestão. (Palmas.)
(Não
revisado pelo orador.)
(Manifestação
da Verª Clênia Maranhão fora do microfone.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste):
O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar a votação do PDL n°
001/07.
O
SR. CLAUDIO SEBENELO: O
debate, Srª Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, está tomando um rumo em nível
pessoal e desagradável, porque a Bancada do Partido dos Trabalhadores não pode
esquecer duas viagens famosíssimas aqui: uma do Prefeito Raul Pont, que foi
torcer pelo Brasil e ainda era “pé frio” o coitado! E o Brasil perdeu! Ele foi
fazer uma palestra lá! Foi ver a Copa do Mundo, passando aqui pela Câmara! E a
outra, um dia, toda a Bancada do PT começou a hostilizar de uma forma agressiva
o resto da Casa e, evidentemente, foi negada uma viagem ao Prefeito, pela
primeira vez na história desta Câmara! E o Prefeito João Verle não viajou, foi
negado! Não porque o Prefeito não merecesse viajar; merecia, estava normal o
processo. É porque a questão política passa a tomar um rumo muito desagradável
quando esse tipo de mentira passa por aqui, quando todo o mundo sabe que, pela
inadimplência da Prefeitura, não se faziam mais obras na Cidade! Nenhuma
prestação da 3ª Perimetral, inaugurada pela Prefeitura, foi paga pela gestão
Verle. Todos nós sabemos disso! Isso está em todos os relatórios! No entanto,
agora o Prefeito vai viajar para Toronto, onde vai falar sobre as questões
econômicas da Cidade... É normal esse debate! É normal que venha para cá, que se
aprecie o Requerimento e que, por uma questão de relação de poderes, se
respeite, pelo menos, a pessoa do Prefeito. Dizer que ele é ausente de Porto
Alegre é, no mínimo, cabotino! É, no mínimo, desonesto! Porque, se há um
prefeito que não se ausenta um dia da Cidade, é o Prefeito Fogaça, que pode ser
encontrado, sim, no Paço Municipal! Não como outros, que eram famosos e,
inclusive, era famosa a agência de viagens que o PT abriu só para os prefeitos
da Cidade.
Ora!
Agora nós temos uma outra forma injusta de abordar as questões. O Partido do
Sr. Prefeito e a sua Bancada de situação é testemunha, sim, e reconhece muitas
vezes os erros, as dificuldades administrativas, as dificuldades financeiras -
e isso é verdade -, mas as coisas têm um limite. E o limite, como disse muito
bem a Verª Clênia Maranhão, aqui desta tribuna, é o limite da verdade! Quando
se começa a “forçar a barra” demais, assim como o limite da estética é a
própria estética, o limite é a própria verdade.
Acho
que nós não podemos mais partir para esse tipo de debate. Não sei como ficaram
os tapetes vermelhos para o Ver. Danéris, em Brasília, mas recomendo que
continue com a cor do chá, vermelha, Vereador, e, especialmente, hoje de noite
faça plantão na televisão, porque o vermelho é uma linda cor e pode ser também
a cor do amor, não precisa ser a cor do ódio.
Então
eu acho que nós podemos, perfeitamente, debater esse assunto, não
personalizando, mas principalmente levando em consideração que esse é um
assunto que interessa à cidade de Porto Alegre, que essa é uma tese que deve
ser defendida lá, e que todas as Bancadas devem entender que é bom para a
cidade de Porto Alegre que vá o Prefeito daqui falar sobre o Orçamento da
Cidade e, principalmente, representá-la, e muito bem, pela sua dignidade e pela
pessoa extraordinária que está hoje governando os porto-alegrenses!
(Não
revisado pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): A
Verª Maristela Maffei está com a palavra para encaminhar a votação do PDL nº
001/07.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: Srª
Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, em primeiro lugar quero dizer que vou votar
favoravelmente à viagem do Prefeito, mas eu gostaria de dizer ao Ver. Claudio
Sebenelo que ele acumulou também essa experiência constrangedora de ter uma
viagem negada. V. Exª sabe, Vereador, esta Casa lhe negou isso, e V. Exª teve
de ir às expensas do seu próprio dinheiro à posse da Ministra. Isso eles
fizeram com o Prefeito João Verle; foi uma vergonha! Aquilo, sim, foi uma
vergonha; por isso a minha primeira frase foi esta: não se nega uma viagem.
Essa
experiência, antes dos 16 anos, eu conheci muito bem. Quando faltavam uns seis
meses para a eleição, iam pintar as ruas, os rodapés, pintar não sei o que
mais, dar rancho não sei para quem, arrumar aqui e ali, fazer de conta, mas
trabalhar, efetivamente... Essa história nós conhecemos.
Mas
vou votar favoravelmente, mesmo ficando constrangida, envergonhada por falar de
um Projeto não discutido, não aprovado por esta Cidade, como é a questão dos
Portais, e ficar feliz, fazendo graça, achando que ser elogiada por Bill
Clinton é uma grande coisa. Obrigada, Srª Presidenta. Por hoje, era isso.
(Palmas.)
(Não
revisado pela oradora.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste):
Obrigada, Verª Maristela. O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para
encaminhar a votação do PDL nº 001/07.
O
SR. HAROLDO DE SOUZA: Srª
Presidenta da Casa, Vereadores e Vereadoras, estou entrando no meu sétimo ano
como Vereador nesta Casa com muito orgulho. Nada muda, tudo passa e tudo
passará, porque, não quero ser incoerente, quando eu subia aqui nesta tribuna
para discutir autorização para a viagem do Prefeito, eu falava que essa questão
é uma perda de tempo para uma Casa Legislativa. Falo isso numa boa. Posso ficar
sozinho no meu ponto de vista, mas nós temos outras coisas mais importantes
para discutir, e parece que vai ser tudo igual, como realmente sempre foi.
Eu
não vi a razão de se discutir a ida do Prefeito do PT, eu não quero saber se é
importante ir ou deixar de ir - não quero saber. Quero saber do tempo que se
perde aqui, neste Plenário, discutindo e trocando farpas, atirando um no outro,
numa disputa de que, hein? E aí eu sou obrigado a ouvir que na cidade de Porto
Alegre diminuíram os números de meninos e meninas de rua! Isso não vem aqui
para uma discussão direta - não, não vem! -, como não entra nunca, aqui, aquele
Projeto para resolver o problema principalmente da Cidade Baixa! Trata-se de um
problema de toda a Porto Alegre, mas, principalmente, da Cidade Baixa.
Com
relação à história dos horários de bares, quando é que nós vamos encarar isso?
Agora, discutir a viagem do Sr. Prefeito Fogaça para Toronto, no Canadá, é
importante! Mas então é importante, única e exclusivamente, a peleia
política! Eu sempre defendi, aqui, que todos devem se unir para trabalhar pelo
social. Certo? Mas assim nunca vai haver união! Haverá sempre quando, ao me
dirigir ao Prefeito José Fogaça, eu receber dele um cargo! Seria assim? É assim
que funciona? Eu estou fora disso aí! Eu estou fora disso aí! Só quero que o
Prefeito Fogaça seja tratado aqui da mesma forma como o foram os outros
Prefeitos! E não me importa se eram Prefeitos do PT ou não! Por que uma coisa
muda da noite para o dia na política? E o social chega aonde? Nós atingimos o
social onde? Nós já estamos há mais de uma hora falando sobre a viagem do
Prefeito a Toronto, no Canadá! E os meninos, Verª Clênia Maranhão, e as meninas
em situação de rua continuam aumentando na cidade de Porto Alegre! E digo isso,
porque eu tenho uma verba de combustível, desta Câmara Municipal, que eu gasto
no meu carro particular para fazer essa constatação! Eu tenho um levantamento:
como há criança, como há meninos nas esquinas de Porto Alegre, meu Deus do Céu!
É preciso ser cego para não vê-los! E pregar, para mim, é uma coisa que não
existe...! Não, eu não vou entrar nessa! Eu vou votar a favor da viagem do
Prefeito Fogaça. Por que não? Agora, acho que eu não deveria ter perdido três
minutos do meu tempo com isso!
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Em votação
nominal, solicitada pelo Ver. Adeli Sell, o PDL nº 001/07. (Pausa.) (Após a
apuração nominal.) APROVADO por 29 votos SIM.
O SR. ADELI SELL: (Lê Declaração
de Voto.): “Apesar da
deselegância da Líder do Governo, da Bancada do PSDB, entre outros da base
governista, nós votamos favoravelmente. Nós temos o direito de colocar nossas
opiniões críticas. Esse direito ninguém nos tira, nem no grito”. Assinam todos
os Vereadores da Bancada do PT. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste):
Acolho a Declaração de Voto para anexação ao Processo.
(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ.
Nº 244/05 – (Proc. Nº 6284/05 – Ver.ª Maristela Maffei) – requer Moção
de Apoio à Regulamentação da Proposta de Emenda Constitucional da Reforma da
Previdência que prevê aposentadoria para as donas-de-casa. (incluído em
07-11-05)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste):
Em votação o Requerimento nº 244/05 de autoria da Verª Maristela Maffei. A Verª
Maristela Maffei está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento
nº 244/05.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI:
Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, rapidamente quero reiterar a importância desse
apoio, já que, em nível nacional, nós temos hoje o apoio, e está com uma Deputada
inclusive do PFL, juntando todos os projetos que lá estão para que seja
aprovado apenas um, não atrapalhando o processo, uma Lei já aprovada na Reforma
da Previdência, porém ainda não regulamentada.
Então, quero aqui reforçar que, mesmo com a não-reeleição
da Deputada Federal Luci Choinacki, do Partido dos Trabalhadores, que foi
candidata ao Senado de Santa Catarina, apoiada pelo PP, ela continua na luta, e
nós nos sentimos na responsabilidade de reforçar aqui essa trajetória tão
importante para aquelas mulheres mais empobrecidas, mais sofridas, excluídas da
sociedade, pedindo apoio a todos os Pares, para que a gente mande este
Requerimento para quem interessa, reforçando junto ao Presidente Lula,
inclusive, para que seja apressado e votado um apoio que, aliás, teve aqui
nesta Casa a assinatura, num abaixo-assinado, do Ver. Sebenelo, o que
publicamente quero agradecer. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): O Ver. Adeli
Sell está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 244/05.
O SR. ADELI SELL: Cara Verª
Celeste, colegas Vereadores, Vereadoras, cidadãos e cidadãs, Verª Maristela
Maffei, a Bancada do Partido dos Trabalhadores subscreve, soma-se, votará
favoravelmente, até porque queremos que esse debate seja feito, na medida em
que poderá haver mudanças na legislação previdenciária do País, algumas delas,
por sinal, necessárias, porque sabemos dos problemas que existem.
Há alguns anos, este País fez um dos seus maiores
gestos de inclusão social, uma política de compensação, dando aposentadoria
para os trabalhadores rurais que não haviam contribuído diretamente para o
caixa da Previdência; haviam feito contribuições para um Fundo, mas que não era
um Fundo previdenciário propriamente dito. Essa é uma política que, graças à
sua implementação, à sua manutenção nesses patamares, inclusive com o aumento
dado pelo atual Governo, dezenas, centenas, milhares de famílias rurais
sobrevivem com o mínimo de dignidade, e essas famílias foram fundamentais na
construção da Nação brasileira.
Da mesma forma, as
donas-de-casa têm um papel imprescindível, e me dizia a Verª Sofia, há pouco,
que não só as donas-de-casa, mas hoje nós temos os donos-de-casa que assumem
algumas funções que tradicionalmente eram das mulheres, porque hoje o mundo do
trabalho faz com que mais mulheres assumam essas funções.
Então
é um debate necessário, nós não estamos no Congresso Nacional votando uma
legislação específica, mas nós estamos em uma Câmara de Vereadores fazendo uma
Moção de Apoio, e a minha Bancada, muito mais em um gesto para que esse debate
seja feito com toda a transparência, com todos os dados, enfim, nós vamos
votar, Verª Maristela Maffei, favoravelmente. E nós esperamos que os temas de
inclusão social sejam temas cada vez mais candentes.
Eu
fico impressionado como muitas pessoas - circulam vários e-mails pela Internet - fazem chacota com a Bolsa-Família. Mas quem
não sofreu na carne a questão da fome, da miséria não tem o direito de fazer
chacota com os humildes cidadãos e cidadãs brasileiros. Vimos na televisão, no
final de semana, aqueles índios e índias recebendo uma cesta de alimento -
inclusive atrasada, diga-se de passagem, e a gente assume a nossa
responsabilidade aqui -, e como aquilo foi fundamental, porque era a única
comida que essas pessoas recebiam. A maioria de nós, Vereadores de Porto
Alegre, conhece bem a periferia, alguns deles, Ver. Dr. Raul, conhecem a dor e
a tristeza em que vivem muitas famílias, inclusive com problemas de saúde,
desnutrição, exatamente por não terem um emprego, não terem um trabalho, e, às
vezes, o biscate, quando há, não dá condições mínimas de sobrevivências a uma
família.
Por
isso, toda vez eu, respeitosamente - e a minha Bancada da mesma forma -, encaro
todo e qualquer debate de inclusão social, de previdência, de benefício da
saúde, da educação, como algo extremamente sério. Esperamos que o nosso voto
aqui, Verª Maristela Maffei, não seja apenas uma demonstração de
condescendência, mas que sirva de mobilização e organização da sociedade
brasileira. Então, dessa forma, nós também queremos nos engajar nesse e em
outros tantos debates. Quando chegar o debate sobre a Reforma Política, Ver.
Danéris - um dos escalados da Bancada, para fazer também esses debates, junto
com outros -, nós vamos, sem dúvida nenhuma, contribuir com um conjunto de
questões que são fundamentais para a Nação brasileira.
Então,
esperamos que esse gesto que estamos fazendo hoje aqui seja um elemento da
nossa mobilização, para que a discussão da Reforma da Previdência seja feita.
Que o Presidente da República tenha a sabedoria de colocar no Ministério da
Previdência - haverá a Reforma do Ministério, e achamos que haverá um novo
Ministro da Previdência - uma pessoa que tenha a capacidade de olhar para a
Nação brasileira, para - como se dizia antigamente - os dois “brasis”, o Brasil
que está mais para a Bélgica e o outro Brasil que está muito mais para Nairóbi,
porque hoje não está mais para Índia, porque a Índia, inclusive, apostou na
Educação e integrou milhares de pessoas em um processo de civilização. Muito
obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): A
Verª Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar a votação do
Requerimento nº 244/05.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª
Presidenta, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, eu sei que já está quase noite; nós estamos aqui
trabalhando há muitas e muitas horas, portanto, Verª Maristela Maffei, eu vou
fazer uma rápida intervenção a respeito desse Requerimento da Verª Maristela
Maffei, que pede o apoio desta Casa a essa importante iniciativa de uma parcela
significativa das mulheres brasileiras, que são aquelas mulheres que não estão
no mercado formal, que não têm salário ao final do mês, mas que trabalham
muito. Elas fazem um trabalho que nós, do Movimento de Mulheres, costumamos
chamar de trabalho invisível, que é o trabalho no âmbito doméstico. E, durante
muito tempo, sequer a contagem dos profissionais, dos trabalhadores, das
trabalhadoras, ou os estudos a respeito das rendas familiares, ou estudo a
respeito dos salários pagos aos trabalhadores deste País, eles não contemplavam
essa faceta da composição do trabalho doméstico. Então a sociedade brasileira
se mobilizou muito junto ao Congresso e ao Executivo na construção do debate da
aposentadoria para as donas-de-casa.
A
Verª Maristela Maffei foi, nesta Casa, uma das líderes que coordenou esse
Movimento. E eu fiz questão de falar aprovando essa postura que a Câmara deve
ter como instituição de todas as Vereadoras e Vereadores, porque ela trabalha
no sentido de fazer justiça à história de uma parcela das mulheres, muitas das
quais começam a trabalhar ainda criança no trabalho doméstico. Muitos anos
atrás, Vereadoras e Vereadores, eu participei de uma pesquisa sobre os direitos
dos adolescentes. E, entrevistando os meninos da faixa de 12 anos,
perguntávamos o que eles faziam nas horas de lazer. Normalmente, usualmente, os
meninos diziam que brincavam, jogavam bola, iam ao futebol. E grande parcela
das meninas dizia que, quando elas não estavam na escola, quando estavam no seu
momento de lazer, cuidavam dos irmãos menores, faziam comida e colocavam a
comida na mesa.
Então o trabalho das mulheres no espaço doméstico
começa desde a infância na maioria das famílias brasileiras com dificuldades de
sobrevivência. E assim segue o destino dessas mulheres, quando ficam
adolescentes, quando ficam adultas, e, quando elas casam, elas reproduzem
dentro das novas famílias o acúmulo das tarefas, muitas das mulheres que estão
no mercado de trabalho exercem o que nós chamamos da dupla jornada de trabalho.
Então, fundamentalmente, nestes últimos 40 anos,
esse universo das mulheres começou a ter mais visibilidade. E essa
visibilidade, impressa pelo Movimento de Mulheres, chegou aos Parlamentos
trazendo debates sobre vários direitos, e um dos importantes direitos é o
direito à aposentadoria, porque, inclusive, muitas dessas mulheres tinham
relações longas, casamentos longos e, quando elas, muitas vezes, se separavam
dos maridos, ficavam na mendicância, porque não tinham nenhuma sustentação
previdenciária para a sua vida, na terceira idade, na velhice.
Então eu acho que a aposentadoria da dona-de-casa
se coloca neste bojo, nesta história, neste universo das mulheres e no universo
da luta militante do Movimento de Mulheres, dos inúmeros movimentos de mulheres
que têm procurado resgatar a cidadania de todas as mulheres brasileiras.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Em votação o
Requerimento nº 244/05. (Pausa.) Não há quem queira encaminhar. Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Quero informar também, ao Plenário, que o Ver.
Bernardino Vendruscolo estará em representação desta Casa, do dia 22 ao dia 26
de fevereiro, na Província de Corrientes, na Argentina, sem ônus para a Casa.
Em votação a retirada do PLL nº 204/05, que dispõe
sobre a oficialização do Evento Feira da Reitoria no Município de Porto Alegre,
de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA a retirada do Projeto do
Ver. Bernardino Vendruscolo.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 1997/06 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 078/06, de autoria do
Ver. Nereu D’Avila, que institui o Estatuto do Pedestre, a Semana do Pedestre,
que ocorrerá na primeira semana de setembro de cada ano, o Conselho Municipal
dos Direitos do Pedestre (CONSEPE), a Ouvidoria do Pedestre e determina a
instalação de equipamentos nas edificações para prevenção de acidentes.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 101 da LOM;
- incluído na Ordem do
Dia por força do art. 81 da LOM, em 09-08-06.
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Em discussão o PLL nº 078/06. (Pausa.) O Ver. Nereu D’Avila está com a
palavra para discutir o PLL nº 078/06.
O
SR. NEREU D’AVILA: Srª
Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, no dia 06 de abril do ano passado, nós
apresentamos esse Projeto de Lei que institui o Estatuto do Pedestre, a Semana
do Pedestre, o Conselho Municipal dos Direitos do Pedestre, a Ouvidoria do
Pedestre e determina a instalação de equipamentos para prevenção de acidentes.
A
verdade é que quem conhece os países da Europa - alguns mais, outros menos -
sabe que todos têm um respeito fantástico pelo pedestre, não precisam de leis
como esta que provavelmente vai ser aprovada; não precisam, enfim, dizer que o
privilégio nas ruas deve ser do pedestre, porque a máquina esmaga quem não é
máquina. Então a Europa, por questão de cultura, ganha do Brasil nessa área.
Então,
queremos assegurar os direitos dos pedestres como, por exemplo, refúgio e
proteção nas paradas de ônibus, sinaleiras luminosas, sonoras, nas portas de
garagens, calçadas limpas, conservadas, livres de quaisquer obstáculos públicos
ou privados. Equipamento e mobiliário urbano que facilitem a mobilidade e a
acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência e aquelas da terceira idade.
Já
fui procurado - e V. Exas. talvez já o tenham sido também - por pessoas com
deficiência visual, que não têm como se esquivar de, por exemplo, orelhões nas
calçadas, sem qualquer aviso, e outros equipamentos que impedem o livre direito
do pedestre de circular nas áreas que lhe são atribuídas. O passeio público, a
calçada, é do pedestre.
Claro
que o pedestre também tem os seus deveres: permanecer e andar nas calçadas e
somente atravessar as vias nas faixas destinadas a eles; respeitar a
sinalização, atravessar somente em trajetória perpendicular às vias: atravessar
as vias somente quando o sinal estiver aberto. São deveres dos pedestres que,
muitas vezes, eles não cumprem. Caminhar pelo acostamento ou, quando não
houver, pela lateral da pista nas vias sem calçada, sempre de frente para os
veículos.
Depois,
o Capítulo IV - Dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência (PPDs). Esta
é uma questão fundamental, porque não há lei ainda que estabeleça claramente
esses direitos.
Art.
6º: É assegurado às pessoas portadoras de deficiência o direito à inclusão
social como garantia à acessibilidade, mobilidade e eliminação das barreiras
arquitetônicas que impeçam a livre circulação e mobilidade destas pessoas.
Art.
7º: O Município, nos projetos de reestruturação urbana, reforma de calçadas,
praças, passeios públicos e locais de travessia de pedestres, ouvirá o Conselho
Municipal dos Direitos dos Pedestres para incorporação das modificações que
atendam às pessoas portadoras de deficiência .
E
por aí vão os direitos das pessoas.
Só
estou dando uma panorâmica do Projeto, para depois aprofundarmos mais a
discussão.
O
capítulo V - Das Obrigações das Concessionárias de Serviços Públicos. É uma outra questão. As
concessionárias jamais perguntaram ao Município se podem ou não colocar um,
dois, três orelhões, onde e quando. E há outras concessionárias que
obstaculizam o livre caminhar do pedestre, que tem os seus direitos,
prejudicando principalmente aqueles que têm deficiência visual.
Então,
determina o art. 8º: As concessionárias e permissionárias de serviços públicos
que possuam nas calçadas, nas praças e nos passeios públicos, equipamentos
urbanos, como terminais e pontos de paradas de ônibus, com suas cabines e
telefones públicos, coletores de lixo, postes de iluminação pública, caixas
coletoras de correspondência, quiosques diversos, placas de publicidade, dentre
outros, que estejam em desacordo com o disposto no art. 3° e seus incisos,
deverão se adequar a esta Lei no prazo de 90 dias da publicação.
O
Sr. Guilherme Barbosa: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu, como V. Exª sabe, estou
retornando à Casa e não tive a oportunidade ainda de estudar o Projeto de V.
Exª, mas, escutando a sua manifestação, fiquei muito atraído pelo tema, porque,
quando da minha passagem pela SMOV, recentemente, eu tive contato com a CPA -
Comissão Permanente de Acessibilidade, que reúne os cadeirantes, cegos e tudo o
mais, e nós abordávamos muitas vezes as situações que as pessoas levavam para
nós, para a direção da Secretaria, exatamente causadas por orelhões, porque, às
vezes, o cego vem com a bengala e, antes de bater com a bengala, bate com o
rosto na parte metálica. Os postes de sinalização de trânsito, todos os
equipamentos são importantes, mas às vezes criam problemas para esse
agrupamento de pessoas.
Portanto,
quero dizer que já me interessei pelo Projeto de V. Exª, acho que é um tema
importante, e pretendo contribuir com o debate. Muito obrigado.
O
SR. NEREU D’AVILA:
Obrigado. Efetivamente, Ver. Guilherme Barbosa, nós estamos, neste momento,
apenas dando, como eu disse, uma geral, uma panorâmica do Projeto, porque
muitos Vereadores, realmente, até pelas suas atribulações, não tiveram ainda a
oportunidade de se aprofundar. Mas nós estamos começando esta discussão. Eu não
quero atropelar a votação, estamos aí para discutir, e tenho certeza de que V.
Exas. vão averiguar que aquilo que parece óbvio não é tão óbvio assim.
Aliás,
a palavra do Ver. Guilherme tem peso duplo, porque ele foi realmente um
Secretário de Obras, conhece a situação, e é engenheiro; portanto, ele está
dando um depoimento da verdadeira situação.
Então
nós vamos, aqui, com o Estatuto, tentar proteger o pedestre, inclusive
não-somente de possíveis equívocos de concessionárias que arbitrariamente
colocam situações, publicidades. Eu, agora, neste ano em que eu tenho esta
matéria, eu tenho observado ...
A
SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste):
O Ver. Márcio Bins Ely se inscreve e cede o seu tempo ao Ver. Nereu D’Avila.
O
SR. NEREU D’AVILA: Eu
agradeço ao ver. Márcio. Verª Sofia, por favor, eu lhe concedo o aparte, só vou
concluir o meu pensamento. Eu tenho observado, desde que comecei a me debruçar
sobre este assunto, há mais de um ano e pouco, que as pessoas, por exemplo,
para aluguel de carros, vamos dizer assim, colocam placas tomando quase todo o
passeio e põem uma flecha: aqui, estacionamento, tanto por hora, tanto
não-sei-o quê. Só que a placa não tem parâmetro de medida, ou seja, há umas
enormes e colocadas tipo “v”, ocupam 70% das calçadas, não permitindo o livre
acesso de pedestres, senhoras com criança e tal. Ou seja, desrespeito. E não há
lei para essa coibição. Então nós vamos enfrentar todas essas situações, porque
realmente não temos ainda uma situação específica de lei sobre o assunto.
A
Srª Sofia Cavedon: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nereu D’Avila, eu
gostaria de parabenizá-lo por trazer este tema, um tema a respeito do qual a
nossa Cidade tem que se perguntar. Eu acho que tem várias Leis não-cumpridas.
Eu acredito que um estatuto deve organizar e trazer elementos novos, mas
principalmente chamar a atenção do Poder Público para que faça um processo
fiscalizador e educativo. Eu caminhava hoje cedo no meu bairro, Petrópolis, e
observava que há lugares, nas calçadas, em que quem enxerga está correndo
risco, pois têm buracos, calçadas totalmente destruídas.
Eu
acho que há uma ausência de orientação, no sentido de chamar a atenção dos
moradores e de cobrar que nós, de fato, respeitemos o que já existe. Acho que é
bom que se alerte para este tema, e sugiro, Vereador, já que não vamos votar
ainda, que possa reunir o Governo, apresentar, discutir, para ter uma ação e
para já ter um efeito imediato na Cidade. Eu trago a questão das lixeiras nas
calçadas - não lembro se este tema está tratado. É muito importante, porque a
presença atrapalha, mas a ausência também é um caos. Aqui perto da Câmara de
Vereadores, nas calçadas da Rua Duque de Caxias, não tem lixeira, é uma
imundície inexplicável, porque as pessoas ou penduram o lixo nas árvores ou
põem o lixo no chão. Na minha rua, por exemplo, o meu edifício tem lixeira, mas
vários não têm. Eu fui multada pelo DMLU, porque o meu lixo é misturado. Só que
todo mundo põe lixo na lixeira do nosso edifício. Então, acho que está faltando
uma presença do Governo, educativa e também fiscalizatória, para a população
assumir esses marcos que nos fazem viver melhor.
O
SR. NEREU D’AVILA: Obrigado,
Vereadora.
O
art. 8º do Projeto trata também de coletores de lixo.
O
art. 10 diz: “O Executivo Municipal determinará aos responsáveis pela
instalação de canteiros ou de mobiliário particular, como gradis de portarias
de edifícios, de garagens, entre outros, que estejam em desacordo com os
objetivos desta Lei, que se adaptem ou retirem os referidos equipamentos, sob
pena de advertência e multa de 242 UFMs (duzentas e quarenta e duas) até o
cumprimento da determinação municipal”.
E o art. 16 é interessante, Verª Sofia; Verª
Presidenta e Vereadores que saíram em comitiva para visitar o local onde houve
uma morte pela queda de uma marquise, há pouco tempo, esta Câmara não se
omitiu, os Vereadores foram averiguar a questão das marquises, e o art. 16
trata exatamente disso: “Os prédios de edifícios que não possuem marquise de
proteção para queda de objetos dos andares superiores ou sistema de captação do
gotejamento de aparelhos de ar-condicionado deverão instalar os equipamentos
necessários à proteção dos pedestres”.
Então, o Projeto vai criar o Estatuto e procurará
abranger, e evidentemente que estará aberto à discussão e até à apresentação de
alguma Emenda; evidentemente está aberto a qualquer situação.
Eu anexei uma crônica do Paulo Sant’Ana, do dia 17
de julho de 2006, cujo título “Prazer Obsceno” trata desta matéria. Diz o Paulo
Sant’Ana, numa segunda-feira, 17 de julho de 2006 (Lê.): “Uma das mais
intrigantes ações humanas me é oferecida todos os dias nas ruas de Porto
Alegre: o prazer obsceno que muitos motoristas desfrutam ao acelerar seus
carros quando vêem à sua frente pedestres fazendo a travessia dos leitos de
ruas e avenidas. Não consigo explicar esse deleite sinistro entre pessoas
consideradas ‘de bem’, em vez de desacelerar o seu veículo ou até mesmo pará-lo
para dar chance aos pedestres para concluírem a travessia, não raro e com
freqüência e assiduidade que vão a extremos sádicos, muitos motoristas não
diminuem a velocidade ou a aumentam, com a finalidade objetiva de aterrorizar o
pedestre. Estou tecendo essas considerações porque em apenas dois dias da
semana passada [isso era julho de 2006] foram atropeladas 13 pessoas em Porto
Alegre, com uma morte e vários feridos graves. Repito [diz ele]: estou tecendo
essas considerações porque em apenas dois dias da semana passada foram
atropeladas 13 pessoas em Porto Alegre, com uma morte e vários feridos graves,
e sucedem-se todos os dias, numa rotina perturbadora, os atropelamentos fatais.
Escrevo “fatais”, porque os pedestres atropelados que não morrem, em muitos
casos terminam inutilizados em sua capacidade motora, destroçados física e
moralmente em definitivo para a vida.” E aí ele continua”.
Então, o que nós pretendemos, através do Estatuto
do Pedestre, é dar o direito
aos pedestres. Agora, tem a contraprestação, repito: é uma questão de educação,
e nós perdemos de longe para a Europa. Quem conhece países da Europa, a Suíça,
a Dinamarca e outros, pode confirmar que é impressionante o respeito que os
motoristas têm, ao natural, pelos pedestres. Aqui no Brasil ainda nos falta
muita educação. Por outro lado, tem o reverso da medalha. Para isso eu trago o
contraditório, o jornal Correio do Povo, de 18 de julho de 2006, sexta-feira,
diz: (Lê.): “Pressa é inimiga do trânsito seguro”. E, abaixo: “Agentes da EPTC
orientaram pedestres a aguardar o sinal verde e atravessar sempre na faixa”. Ou
seja, também os pedestres transgridem muitas vezes, não obedecendo aos sinais.
Essa é a contraprestação. É por isso que, na nossa pretensão de criar o
Estatuto do Pedestre, criaremos direitos aos pedestres, mas criaremos deveres
também.
Para
concluir, nessa balança - continuarei amanhã esta discussão - entre o pedestre
e o automóvel, é claro que o pedestre às vezes não obedece e é precipitado,
enfim, se expõe ao perigo, mas o percentual do que o Paulo Sant’Ana escreveu é
de 95% em favor do pedestre do que em contrário a sua desobediência; 95% é a
correria, é ânsia do automóvel, do ônibus, da caminhonete, que não respeitam
faixa de segurança, não respeitam sinaleira mesmo quando passa algum pedestre,
alguma mãe ou alguma criança. As pessoas que se cuidem, porque senão serão
fatalmente atropeladas.
Continuaremos
a discussão amanhã. Agradeço a V. Exª pela tolerância de alguns minutos
ultrapassados no tempo, Vereadora-Presidenta.
(Não
revisado pelo orador.)
O
SR. ERVINO BESSON: Srª
Presidenta, solicito verificação de quórum para darmos continuidade à discussão
deste Projeto, que é de grande importância.
A SRA. PRESIDENTA (Maria Celeste): Solicito a
abertura do painel eletrônico, para verificação de quórum, conforme
Requerimento do Ver. Ervino Besson. (Pausa.) (Após o fechamento do painel
eletrônico.)
Não havendo quórum, estão encerrados os trabalhos
da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h04min.)
* * * * *